Após "Memória e Destruição"...*

(...) Do outro lado do jardim, uma segunda terra coincidiu com este tecido de alternatividade, a casa nº 66, Praceta do Jardim de S.Lazaro, exposição de Fernando Sebastião “Não há propostas criativas”. O edifício em remodelação onde vários artistas e outros têm vindo a instalar os seus ateliês. Em exposição encontravam-­se dois trabalhos: Meio calendário de 2012 e Vala comum. 

Vala comum aproveita a estrutura arquitectónica em transformação, um ateliê partilhado por três artistas plásticos, sapatos vagueiam, neste cenário de escombros: o que pode restar da finitude humana? Sapatos... Movimentam-­se e têm a sua própria vida, não se sabe para onde vão, electrizados por um motor são o reflexo dos dias de hoje...”Traçam percurso sinuosos ou até tortuosos a que todos estamos sujeitos.” (F.S.)  
Meio calendário de 2012 – Objecto que obriga a uma rotina onde se encontram registos fotográficos, realizados por Fernando Sebastião, a jovens artistas, estudantes e outros, nos seus ateliês, tendo diferentes tipos de “trabalhos que não só a produção artística”, para poderem fazer face às leis da sobrevivência. 


-IRMANARTE - Porquê "Meio calendário" e não um calendário? 
-F.S. -­ “O calendário de parede sempre foi um "meio" pobre enquanto veículo de imagens, nem sempre associado às melhores práticas ou mensagens, ocupando um lugar mais ou menos marginal, por exemplo os calendários com mulheres nuas, pendurados em muitas oficinas, barbearias e camiões portugueses. Este comporta em si uma carga de esquema/grelha organizativa, que se impõe como matriz onde tudo tem de encaixar. Trabalha-­se de "tantos a tantos"; recebe-­se dia "tantos";; até ao dia não sei quê... tem que se pagar a electricidade, depois a água e etc...despesas e mais despesas. Uma série de obrigações e pressupostos a que os artistas não estão ilesos encaixando-­se perfeitamente nesta história da condição do jovem artista na actualidade. Meio-­calendário – “porque estamos em crise, e não há financiamentos a longo prazo nem orçamentos avultados. Assim faz-­se metade agora, se vender, faz-­se a outra metade. Também não se podem fazer grandes planeamentos a longo prazo, por isso, metade de meio calendário, chega!” (fernandosebastiao.net

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